sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Biblioteca de sala, como organizar o espaço de leitura
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Introdução
Para que uma criança possa constituir-se enquanto leitora, de forma a
fazer da leitura uma parte querida e importante de sua vida, é preciso
que ela tenha a oportunidade de conviver com livros e leitores,
compartilhando práticas de leitura. Algumas das crianças têm essa
convivência assegurada na sua vida familiar, mas muitas dependem da
escola para ter acesso a ela. Esse projeto institucional de leitura é
pensado para garantir as condições para que essa convivência ocorra.


Para isso, ele se divide em duas partes: a primeira trata de como
instituir atividades habituais de leitura a fim de que a biblioteca de
sala efetivamente se constitua como um espaço de convivência entre
leitores:


- Organizando a biblioteca de sala.
- Instituindo o empréstimo de livros para leitura em casa.
- Preparando-se para atuar como modelo de leitor.


E uma segunda parte, com propostas de rodas de comentários e indicação
de leituras e de círculos de leitura:
- Conversando sobre livros: as rodas de biblioteca.
- Trabalhando com círculos de leitura.


Organizando a biblioteca de sala


1. Seleção dos livros:
Sendo a biblioteca de sala o espaço privilegiado em que as crianças
poderão conviver com livros e leitores, a escolha do acervo é um passo
importantíssimo. No contexto da escola pública, esse acervo é parte de
um conjunto maior: o dos livros da escola ou o dos livros da
biblioteca escolar. Por isso, é fundamental que conhecer bem para
fazer suas escolhas. Também é importante que a equipe de professores
da escola explore coletivamente esse acervo e troque ideias sobre boas
escolhas de livros tendo em vista o que conhece sobre as preferências
leitoras da faixa etária com a qual trabalha.


Tendo em mente que novos leitores são formados na interação com
leitores experientes e materiais de leitura de qualidade, os livros
escolhidos para a biblioteca de sala devem ter o potencial de ampliar
o universo leitor das crianças, ou seja, devem contemplar diferentes
gêneros, conter livros de variada extensão, de autores nacionais e
estrangeiros, clássicos e contemporâneos, pensados para o público
infantil e pensados para o público em geral e apresentados em variados
portadores. Além disso, sempre que possível, é interessante que alguns
livros desse acervo sejam escolhidos pelas crianças.


2. Organização do acervo:
Selecionado o acervo, a próxima etapa é apresentar esses livros às
crianças para organizá-lo. A organização e o cuidado com o acervo
devem ser tarefas compartilhadas com as crianças, estabelecendo
coletivamente critérios para a classificação dos livros (por exemplo,
etiquetas vermelhas para livros de contos, verdes para livros que
falem sobre curiosidades dos animais, separar livros de uma mesma
coleção etc.). Também devem ser compartilhados os cuidados e o
compromisso com a conservação do acervo. É importante ressaltar que
quanto mais as crianças estejam envolvidas com a organização dele e
sejam apresentadas as leituras que as encantam, maior é o compromisso
que elas passam a ter com a conservação dos livros, já que lhes foi
possível atribuir sentido a práticas de leitura e ao uso desse objeto
tão especial que é o livro.


3. Escolha do espaço:
O espaço onde ficam os livros deve ser organizado de forma a convidar
à leitura: livros acessíveis, visíveis, num espaço da sala onde as
crianças possam se sentar para ler, compartilhar a leitura de um livro
com um amigo.


4. Renovação do acervo:
É importante que o acervo da biblioteca de sala seja periodicamente
renovado a fim de que as crianças possam encontrar novas histórias,
novos autores e gêneros. A oportunidade de se defrontar com o novo, de
se surpreender, de fazer novas descobertas é algo fundamental para
criar o hábito da leitura. Uma boa solução para isso é fazer o rodízio
do acervo entre as salas da escola a cada dois ou três meses.


Preparando-se para atuar como um modelo de leitor
Não basta o acesso aos livros. O essencial é conviver com leitores e
poder compartilhar de suas práticas. Delia Lerner, nos coloca que
“realmente, para comunicar às crianças os comportamentos que são
típicos do leitor, é necessário que o professor os encarne em sala de
aula, que proporcione a oportunidade a seus alunos de participarem em
atos de leitura que ele mesmo está realizando, que trave com eles uma
relação de leitor para leitor”.


Assim, por meio da mediação do professor, a criança atribui
significado às diferentes práticas de leitura, desenvolve gostos e
preferências quanto a autores e gêneros, cria laços afetivos com
livros e histórias e vai começando a ver a si mesma como uma leitora.


E o professor é aquele que, ao compartilhar motivos, estratégias e
interesses, abre para as crianças as portas do mundo maravilhoso da
literatura e da poesia e mostra como ler e escrever são instrumentos
importantíssimos para interagir em sociedades como a nossa. Ele faz
isso quando compartilha com as crianças, lendo para elas uma notícia
que o espantou ou lhe despertou a curiosidade; quando procura junto
com as crianças, em livros ou enciclopédias, respostas para temas que
interessam sua turma; quando lê um poema que o emocionou; quando
apresenta um livro de um autor que considera especial e divide a
leitura dele com seus alunos.


Esse papel do professor como um leitor experiente que compartilha sua
prática com as crianças é tão mais essencial quanto menores elas
sejam, mas nunca deixa de ser importante. Mesmo quando os alunos já
sabem ler, o professor é aquele que apresenta novos gêneros, livros
mais extensos, novos autores, pois esses momentos de leitura
compartilhados com o professor são um dos grandes trunfos que temos à
mão para evitar que o fascínio que os pequenos tinham pela leitura e
seu desejo de ler não desapareçam ao longo da escolarização, como,
infelizmente, muitas vezes vemos acontecer.


Assim, é fundamental que se preparar para exercer esse papel, lendo
previamente os livros cuja leitura irá compartilhar com as crianças,
pensando em que comentários e relações ele pode compartilhar,
planejando como irá apresentar o livro, que boas questões podem animar
uma conversa coletiva sobre a leitura (a esse respeito, veja o próximo
item).


Instituindo o empréstimo de livros para leitura em casa
A pesquisadora espanhola Tereza Colomer certa vez, em uma de suas
palestras em São Paulo, fez a seguinte analogia para tratar da
formação do leitor: para ser leitor, é preciso muitas horas de
leitura, da mesma forma que para ser um piloto de avião é necessário
muitas horas de voo antes de tirar o brevê. Ela explicou que são
necessárias variadas experiências de leitura, continuadas ao longo do
tempo, para que se desenvolvam preferências para que a leitura se
torne crítica e para que ela se transforme numa parte importante da
vida de determinada pessoa. Assim, o empréstimo de livros da
biblioteca da escola ou de sala é essencial para multiplicar as
oportunidades de leitura possíveis para cada uma das crianças, pois,
além das situações de leitura propostas na escola, um novo espaço se
abre: ler livros de sua própria escolha em casa, compartilhando essa
leitura com a família.
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FONTE: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogic...

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